quarta-feira, 28 de março de 2012

solidão

 Abro o guarda-roupa e aqueles trapos me recusam em revolução. Agarram-se aos cabides e se fingem de mortos, pedem em silêncio para serem enterrados no cemitério de roupas, o tal "brechó". As gavetas insistem em não abrir, seguram firme umas nas outras, enferrujam urgentemente e não abrem. Os papéis, as letras, os curingas, as invenções. O toca-discos está rouco. Não há música que dure por muito tempo em meus ouvidos. Pego o telefone de lata com as mãos frias de tristeza e ligo para o número cósmico. Tum, tum, tum. Do outro lado da linha eu ouço lágrimas. Eu ouço o café esfriar. Eu ouço você dizer adeus. Eu só não ouço o meu coração bater.

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